Nem tudo o que é complexo e ambíguo é arte.
Estou Pensando em Acabar com Tudo é Charlie Kaufman sendo pretensioso e tentando nos empurrar goela abaixo a sua suposta genialidade. O tédio tomou conta de mim durante quase todo o filme e eu não via a hora dessa experiência melancólica chegar ao fim.
Um casal de namorados está indo até a casa dos pais dele e pelo caminho mantém uma longa e modorrenta conversa. São reflexões sobre relacionamentos, a vida e coisas corriqueiras. Enquanto isso, uma nevasca torna a atmosfera mais sufocante e hostil.
Aos poucos percebemos que há algo de estranho entre os dois e isso fica ainda mais evidente quando eles chegam no destino. Aliás, em alguns momentos na casa eu até consegui gostar de Estou Pensando em Acabar Com Tudo, principalmente pela abordagem que fica com um pé no terror e no suspense. Mas não dura muito.
A tendência é chegarmos no final do filme sem entender quase nada e você não deve se sentir mal por isso. Nos deixar confusos e entediados são claramente os objetivos da trama.
O caminho até o desfecho é um verdadeiro martírio, com diálogos que simplesmente não nos motivam a embarcar nas reflexões. Tudo o que eu queria é que os dois calassem a boca e que o tempo passasse o mais rápido possível. Os acontecimentos estranhos até soam intrigantes eventualmente e nos fazem elaborar interpretações, o problema é o que a resolução fica longe de nos compensar por todo o sofrimento.
Não precisamos entender um filme completamente para gostarmos dele e quando digo isso penso em Primer, por exemplo. Só que em Estou Pensando em Acabar com Tudo Charlie Kaufman parece perdido e sem qualquer intenção de manter o nosso interesse.
Ele chegou até a dizer que antes de assistir ao filme seria bom ler o livro no qual a trama é baseada. Brincadeira, né? Se o filme não tem condições de se sustentar sozinho será que vale mesmo a pena investir tempo nele?
Saudades do Charlie Kaufman roteirista (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, Adaptação) e não do roteirista/diretor.
Nota: 4/10